terça-feira, 10 de outubro de 2023

Prémio Camões 2023


Professor Universitário, ensaísta e tradutor, João Barrento é o vencedor da 35.ª edição do Prémio Camões, pelo conjunto da obra.

De acordo com o anúncio de hoje, 10 de outubro de 2023, do Ministério português da Cultura:

“João Barrento foi reconhecido pelo júri como autor de uma obra relevante e singular em que avultam o ensaio e a tradução literária. Em particular, as suas traduções de literatura de língua alemã, que vão da idade média à época contemporânea, e em todos os géneros literários, formam o mais consistente corpo de traduções literárias do nosso património cultural e constituem indubitavelmente um meio de enriquecimento da língua e de difusão em português das grandes obras da literatura mundial” (lê-se no comunicado, que cita o júri).

Segundo a Agência Lusa, para o ministro português da Cultura, Pedro Adão e Silva, o ensaísta, tradutor e crítico literário João Barrento, de 83 anos, é “um dos pensadores mais acutilantes da arte e da cultura em Portugal”.

Cronista e professor universitário, João Barrento, nasceu a 26 de abril de 1940 em Alter do Chão. Licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e publicou diversos livros de ensaio, crítica literária e crónica.

In:  https://www.lusa.pt/article/41651753/jo%C3%A3o-barrento-vence-pr%C3%A9mio-cam%C3%B5es-2023

 

Aparas dos Dias. A escrita na Ponta do Lápis.

O seu último livro publicado, pela Companhia das Ilhas, em 2023.


Aparas dos Dias. A Escrita na Ponta do Lápis

"Este é o meu livro de leitura, de leituras, de colheitas, de respostas aos apelos de outros livros e a chamadas que sempre foram chegando, e continuam a chegar.

Legere = ler, colher, apanhar…. o que foi caindo dia a dia no papel, ainda na máquina de escrever, no computador, nos cadernos das intervenções públicas… Dessa massa se faz o pão deste livro múltiplo. O seu ritmo é o dos dias: desiguais e acidentados, com altos e baixos, estradas longas e pequenos atalhos e desvios. Breves iluminações e troços de respiração mais ampla. Espelho de interesses, de obsessões, de paixões que os anos só vêm confirmar e consolidar…"      João Barrento

 

Excerto

A roda de leitura

"Por vezes sonho o sonho do fim da avalancha de livros que semana a semana me submerge. Sonho com o dia em que pudesse ficar apenas com uma ou duas dúzias de livros, não para me retirar para a conhecida ilha deserta, mas para poder dizer, como o Poeta (aquele que assim trato é Hölderlin): «uma vez / como os deuses terei vivido. E mais não é preciso». E afinal, ele aqui está, esse leitor feliz e intenso, não o leitor interactivo de hoje, mas o iterativo, moderadamente assediado pela letra impressa na roda de leitura… O eterno retorno dos livros que vale a pena ler. A biblioteca giratória e eternamente igual a si mesma. O panteão dos melhores, com a garantia de que um livro seria lido, relido, absorvido e pensado até à exaustão (coisa que raramente se faz). Exaustão do seu manancial de beleza e pensamento, exaustão de mente e corpo de um leitor-oleiro que passa o tempo a carregar no pedal que faz avançar a roda…"


https://companhiadasilhas.pt/autor/joao-barrento-2/

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Professor Bibliotecário da E.S. Severim de Faria

 

João Simas, 

Professor Bibliotecário da E.S. Severim de Faria

 João Simas, Professor Bibliotecário da ES Severim de Faria (até 2023), reformou-se e, dia 12 de julho 2023, decorreu um almoço de homenagem com antigos e atuais colegas, professores e assistentes da Biblioteca. Foi, igualmente, homenageada Conceição Orvalho, assistente da Biblioteca. Aqui fica o registo da homenagem e alguns registos de imagem.

    
     
                           
     


PARA O COLEGA JOÃO SIMAS

          Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro - há quem resuma assim a missão do homem na Terra. Preservação da natureza, da espécie e da cultura - três vetores essenciais para os quais o João contribuiu de forma notável.

            De  Sousel a Estremoz e de Arraiolos ao Liceu de Évora, de Mértola a Vila Real de S. António , de Évora a Lisboa, passando pelo Cano; de "O Rio e os Homens" do Guadiana às Tertúlias Radiofónicas Eborenses, até chegar e permanecer na "Rua de Alconxel", o seu percurso foi sempre pautado por viagens inspiradoras, criativas e interventivas.

            Há pessoas que acrescentam, que enriquecem, que iluminam o mundo com o seu saber, a sua cultura  e a sua empatia.

            Há pessoas que , quando partem, deixam boas sementes para  os que ficam  continuarem a  cultivar e a fazer florescer.

            Há pessoas que são bibliotecas itinerantes, que partilham sonhos e saberes.

            Há pessoas que, quando partem, nunca se ausentam.

            Assim é o colega João Simas, que ficará sempre connosco!   

            Os colegas amigos    (...)


DO COLEGA JOÃO SIMAS

Ontem, dia 12 de julho, estive num almoço com colegas da Biblioteca que trabalharam comigo ao longo de anos. Também me escreveram um texto que reproduzo e uma recordação viva (um bonsai). Respondi-lhes com um agradecimento.

"Colegas e amigos (as)

“É bonita a festa pá”. Falo do presente, porque o conhecimento do passado é também o meu ofício, mas os momentos que se vivem são únicos, para serem vividos.

Agradeço a lembrança e a vivência deste dia, assim como a oferta do ulmeiro e o texto, até porque são referências de coisas que aprecio: viver a vida, conviver com amigos, sentir as plantas crescer, por vezes de forma imprevisível (e ainda bem!), refletir, escrever como me apetecer, com algum sentido, mas sempre com mensagem para alguém, para que o mundo seja um pouco melhor. E os “banquetes” são sempre bem vindos. Não seguindo Platão, no Simpósio (banquete), sou platónico nessa forma de estar, epicurista também, nesse devir de ideias e degustações.

Tive alguma sorte na vida pois ainda conheci um mundo rural, sem luxos mas onde era possível andar nos campos, tomar banhos nas ribeiras, provar medronhos nas serras alentejanas, conhecer gente anónima de pouca ou nenhuma escolaridade mas com sabedorias ancestrais, gente combativa, apesar dos tempos, num país fechado e censurado, em que as crianças e jovens eram criadas para “servir a Pátria”, nas Áfricas, de bico calado, onde as bibliotecas itinerantes traziam a literatura e livros de conhecimentos vários que depois comentávamos, em surdina. E agradeço também aos meus pais que dispunham de livros e estimulavam a leitura e a escrita e a curiosidade. A minha mãe recitava-me poesias de Camões e outros, que ainda sei de cor. Ensinaram-me também o diálogo com os outros, e a saber ver nos outros mais do que aquilo que aparentam.

O 25 de Abril apanhou-me no final do liceu e nos tempos seguintes vivi intensamente em Arraiolos onde acompanhei as mudanças, em Lisboa onde todos os dias havia novidades, tanto na Faculdade de Letras, como numa residência de estudantes, onde a maioria era de outros cursos, em que discutíamos de tudo (hoje ainda nos encontramos). A rua, os cafés onde se liam jornais, onde se falava e escrevia no meio de fumaradas, outros locais inundados de gente, foram também grandes escolas e referências para a vida, ligando a teoria à prática, participando, tentar sempre ir mais além. Conheci um novo mundo mais cosmopolita, mais aberto e um povo que respirava e aspirava. E a amizade, mesmo com discussões, por vezes exaltadas, preserva-se, continua.

Também tive sorte com a família, com quem me acompanhou, com filhos e netas, a quem espero deixar alguma coisa, sem modelos, porque cada um é o que é e o que constrói.

Nos 42 anos e 3 meses que estive no ensino, em diversas escolas e em diversas funções e ciclos de ensino, a Biblioteca foi para mim, não apenas uma profissão mas uma escolha e um modo de vida que quase confundia com a minha casa. Na Escola Secundária Severim de Faria estive 23 anos seguidos, também no Conselho Pedagógico e sempre com alunos. Procurei sempre proporcionar um ambiente de liberdade, de ideias e de expressão, sem grandes dirigismos, promovendo os grupos, sem esquecer nunca os indivíduos, não apenas os bons alunos, como os aparentemente desinteressados, os diferentes da norma. Também, sem desistir dos clássicos, da literatura, ciências e artes, transigindo pouco com as banalidades, que apenas entretêm para logo ficar esquecidas. Prefiro a provocação e o espanto e cada um que enfrente a vida.. Entendo que o mundo deve ser diversificado, que se pode escolher diferentes percursos, com entusiasmo, também com angústias e incertezas que se transformam em prazer, mesmo que os objetivos mensuráveis ou não, não se cumpram na totalidade, mesmo que a Utopia não seja alcançada.

Nada se fez sozinho. Nada de modelos rígidos, nada de modas apregoadas num dia, esquecidas no outro. Os projetos em que a Biblioteca participou, foram sempre feitos com conjuntos de pessoas diversificadas, professores, funcionárias, alunos, gente convidada que nos contou as suas experiências ao logo da vida, as suas vivências, os livros que escreveram. E sempre que possível associando a leitura, bem degustada com a escrita que nos liberta. Serviço público e combate pela cidadania.

Convivi e trabalhei na Biblioteca, com pessoas de várias formações, cada uma com a sua personalidade e a sua história de vida. Do respeito pela personalidade de cada um, do diálogo e da tolerância surgem novas ideias e práticas. Para quê perder tempo com pequenos acidentes de percurso, quando há mais coisas que nos unem do que nos separam, quando o tempo bem usufruído é um bem precioso. Além disso, aprecio o trabalho discreto, o que parece simples quando feito, o trabalho técnico demorado mas que permite o acesso à informação.

Tal como mudei várias vezes de terra, agora mudo também de vida, fazendo coisas que já fazia, coisas que gostava e gosto, outras diferentes, algumas com mais vagar, palavra antiga que hoje está (e bem) novamente na moda e, mesmo que não estivesse, é preciso tempo para pensar e agir.

Agradeço a todos a vossa presença e também daqueles que não puderam estar.

Ando por aí. Vamo-nos encontrando.

Um abraço"

 

    
Entrega dos Prémios Katharsis 2023

       
Comemoração do 25 de Abril de 2023
Conversas e Testemunhos, com Bárbara e Joaquim Judas e com Aurora Rodrigues




PARA A ASSISTENTE DE BIBLIOTEA:

CONCEIÇÃO ORVALHO

Quando o orvalho

dos lírios escorreu

nasceu a cor roxa

e o sofrimento escondeu.

 

Foi transformado

na palavra escrita

que fez renascer

a esperança infinita.

 

Do campo para a cidade

das raízes para a civilização

manteve sempre a sua pureza


e grandeza de coração.

Cidália Gil                                         

A que Conceição  Orvalho respondeu, de improviso (...)



 

Prémio Nobel da Literatura 2023

 O Prémio Nobel da Literatura 2023 foi hoje, 5 de outubro, atribuído a Jon Olav Fosse, escritor e dramaturgo, de 64 anos de idade (29 de setembro de 1959, Haugesund, Noruega), atualmente a residir entre a Noruega e a Áustria.

O prémio foi atribuído “pelas peças e prosa inovadoras que dão voz ao indizível”.

Muito premiado, Jon Fosse escreve em norueguês (variante nynorsk) e tem algumas das suas obras publicadas em Portugal, como O Outro Nome, Trilogia, Manhã e Noite, Sou o Vento / Sono / O Homem da Guitarra, Lilás, O Sonho de Outono / Nome, Inverno e A Noite Canta os Seus Cantos.

 






quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Dia Mundial da Filosofia

  No passado dia 18 de Novembro, a Biblioteca Dr. Carlos Percheiro, promoveu algumas actividades que visaram assinalar o DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA.

   Foi em 2005 que a UNESCO determinou que na terceira quinta-feira de cada mês de Novembro seria assinalado o Dia Mundial da Filosofia, considerando que este dia traduz o reconhecimento da importância da Filosofia, e do seu ensino, para o desenvolvimento de pessoas mais críticas, mais reflexivas, mais capazes de pensar a solução para os problemas éticos e políticos que preocupam as nações e os indivíduos em todo o mundo.

   As atividades foram planificadas de modo a promover a desejável articulação com o trabalho desenvolvido por alguns professores e alunos na disciplina de Filosofia, assim como a despoletar a atenção para um conjunto de obras filosóficas existentes na Biblioteca Escolar e adequadas aos conteúdos programáticos da Disciplina. Também, e na sequência dos objetivos do P. A. da Biblioteca para 2021/22, apostou-se na exibição do filme - Hannah Arendt - visando a consciencialização da importância do Cinema (entre outras formas de arte) como significativo recurso de formação e aprendizagem.














Prémio Camões 2023

Professor Universitário, ensaísta e tradutor,  João Barrento   é o vencedor da 35.ª edição do Prémio Camões, pelo conjunto da obra. De aco...